novembro 24, 2010

Capitulo IV - A Vingança


Cerca de dois meses se passaram após Joe contar seu plano de vingança ao velho Sam. Dois meses de espera até que chegasse o  momento certo para desferir o golpe que acabaria com Toni.

Joe queria que o italiano sentisse sua dor. Queria ver o medo em seus olhos, e sabia que iria gostar disso... Sentiria prazer... Muito prazer em torcer o pescoço do italiano...

Joe Lynch era conhecido por ser um homem pacífico e trabalhador. Um homem que amava a vida e suas belezas, principalmente Anna, sua esposa. O que ele tinha agora? Nada. O bem mais preciosoque um homem pode ter, foi-lhe tirado brutalmente por uma pessoa fria e cruel. A alegria foi-se embora, juntamente com o ultimo suspiro de vida de Anna.

Todos os bons momentos, as carícias e gracejos, tudo o que havia passado ao lado dela, nada mais eram que meras lembranças de um tempo que não volta... Nunca voltará...

Embora quisesse vingar a morte de Anna, logo após o assassinato, o jovem sabia que deveria esperar pacientemente pelo momento certo. Sabia que, assim como ela prometera, tudo daria certo.

Dois meses. Dois longos e agoniantes meses que passaram lentamente, após a morte de Anna. Mas aquela noite seria "A" noite. Joe poderia vingar o sangue inocente que fora derramado.

Dois meses de cálculos, de ponderações, de considerações sobre as oportunidades, as chances, as possibilidades de falha... A noite chegara. Toni pagaria pela vida de Anna com sua propria.

O plano era deveras simples. A dor seria enormemente grande.

Fredo, o sobrinho de Toni, era um apostador azarão. Algumas vezes ganhava muito dinheiro fazendo apostas de alto risco, mas  na maioria delas, nõ ganhava mais que alguns trocados para o café e o vinho. Toni gostave dele, apesar de ser um completo idiota. Gostava muito e Joe sabia disso. Usaria isso para sua vingança!

Às 23:00, após sair do clube onde fazia suas apostas, Fredo foi abordado por um cara chamado Robert O'Hara, que o persuadiu a entrar no carro. Indo em direção ao FourLeaf, O'Hara pergunta se Fredo conheceu Anna.

- Anna? Que Anna?? Nunca ouvi falar dessa tal de Anna...
- Não conhece? Então vai fazer esse jogo de "não-sei-quem-é" e vai ficar embaçando? - Diz O'Hara ao desferir um tapa na cara de Fredo.
- Mas eu realmente não sei do que você está falando!

Chegaram ao pub. A limosine para e Fredo é empurrado para fora dela. Após a ordem, entra no bar e se depara com Joe sentado ao balcão, tomando uma dose de um legitimo whisky escocês, da reserva do velho Sam.

Joe se aproxima e, olhando nos olhos de Fredo, Dá-lhe um soco na cara e logo após, um no estomago.

- Vocês vão pagar por isso, bastardos filhos de uma puta!!! Vão pagar por tudo o que fizeram, por terem matado Anna... Vão pagar por toda a dor que me fizeram passar! - berrava JOe, olhando o italiano caído no chão, com o sangue escorrendo da boca e do nariz.

Colocaram-no sentado em uma cadeira no centro do bar mal iluminado pelas lampadas fracas e cheio de fumaça de cigarros e charutos. O interrogatóri começou.

- Quem a matou? Hein? Fale desgraçado! - outro soco em Fredo, que sangrava ainda mais.
- Eu não sei do que estão fal... - foi interrompido por um novo golpe.
- Sei que pode não ter sido você quem a matou, mas sabe quem foi! Você sabe que seu tio, o verme do seu tio, foi quem mandou matá-la...

Joe estava espumando de raiva e ódio. Seu rosto e a pele de seu pescoço estavam vermelhas de tanto gritar raivosamente e havia uma enorme veia saltada em sua têmpora.

Após horas de interrogatório, Joe chega à conclusão de que Fredo é realmente um idiota e não sabe de nada. Decide então ir falar diretamente com Toni. Dirigindo freneticamente pelo bairro italiano, ele para à entrada da cantina de Toni e entra após ser revistado.

- Olá senhor Lynch, em que posso ajudá-lo?
- Não me venha com essa de "em que posso ajudá-lo" seu verme maldito...
- Está assim por causa da morte de sua esposa, não é? - interrompeu Toni - Minhas condolências, sr, Lynch.
- Mas e mesmo um filho da puta, não é? Manda matar minha Anna e ainda tem a cara de pau de me dar as condolências...
- Sr. Lynch, eu não matei, nem mandei matar sua esposa. Ela era uma mulher muito bonita, na minha opinião. O problema foi entre nós dois. Ela não teve nada a ver com isso, certo? VOCÊ estava me devendo, não é sr. Lynch? Eu não tinha nenhum problema com ela.
- Não venha com essas histórias pra cima de mim, Toni...
- Não são histórias Joe, posso te chamar de Joe, certo? São fatos! Há alguns anos, eu tive um desentendimento com o velho Sam O'Neil. Na época eramos amigos e tinhasmos um acordo comercial que favorecia ambos os bairros, mas ele decidiu que poderia levar uma parte maior nos lucros às minhas custas. Quem mandou matar Anna, foi o velho Sam.

Joe ficou estupefato com as palavras proferidas. Não podia acreditar no que estava ouvindo. Não queria acreditar. Será que Toni estaria falando a verdade? Ou será que queria provocar uma confusão e tirar toda a suspeita de si?

- Ele quer que você me mate Joe, para poder ficar com minha parte no acordo. Mesmo que tenha sido há muito tempo, o acordo ainda dava lucros para ambas as partes.
- É mentira... VOCÊ ESTÁ MENTINDO!!! - berrou Joe, quase explodindo de raiva.
- Vá embora Joe... Pergunte ao velho sobre o nosso acordo e verá se eu estou realmente mentindo.

-x-

Saudações, viajante...
Peço descupas pela ausência, mas está uma correria com a faculdade e o trampo... Tentarei não ficar tanto tempo ausente. 
Sem mais delongas, despeço-me.


Paz e Força Sempre!

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novembro 06, 2010

Venha Ver O Pôr-do-Sol


Saúdo-vos leitores e colaboradores.
Sem muito tempo, deixo-os com um conto de L.F.T. que, em minha humilde opinião, é muito triste, bonito e, sobretudo, SURPREENDENTE!
Sem mais delongas, despeço-me.

-x-



Ela subiu sem pressa a tortuosa ladeira. À medida que avançava, as casas iam rareando, modestas casas espalhadas sem simetria e ilhadas em terrenos baldios. No meio da rua sem calçamento, coberta aqui e ali por um mato rasteiro, algumas crianças brincavam de roda. A débil cantiga infantil era a única nota viva na quietude da tarde.


Ele a esperava encostado a uma árvore. Esguio e magro, metido num largo blusão azul-marinho, cabelos crescidos e desalinhados, tinham um jeito jovial de estudante.

- Minha querida Raquel.

Ela encarou-o, séria. E olhou para os próprios sapatos.

- Vejam que lama. Só mesmo você inventaria um encontro num lugar destes. Que idéia, Ricardo, que idéia! Tive que descer do taxi lá longe, jamais ele chegaria aqui em cima

Ele sorriu entre malicioso e ingênuo.

- Jamais, não é? Pensei que viesse vestida esportivamente e agora me aparece nessa elegância...Quando você andava comigo, usava uns sapatões de sete-léguas, lembra?

- Foi para falar sobre isso que você me fez subir até aqui? - perguntou ela, guardando as luvas na bolsa. Tirou um cigarro. - Hem?!

- Ah, Raquel... - e ele tomou-a pelo braço rindo.

- Você está uma coisa de linda. E fuma agora uns cigarrinhos pilantras, azul e dourado...Juro que eu tinha que ver uma vez toda essa beleza, sentir esse perfume. Então fiz mal?

- Podia ter escolhido um outro lugar, não? – Abrandara a voz – E que é isso aí? Um cemitério?

Ele voltou-se para o velho muro arruinado. Indicou com o olhar o portão de ferro, carcomido pela ferrugem.

- Cemitério abandonado, meu anjo. Vivos e mortos, desertaram todos. Nem os fantasmas sobraram, olha aí como as criancinhas brincam sem medo – acrescentou, lançando um olhar às crianças rodando na sua ciranda. Ela tragou lentamente. Soprou a fumaça na cara do companheiro. Sorriu. - Ricardo e suas idéias. E agora? Qual é o programa?

Brandamente ele a tomou pela cintura.

- Conheço bem tudo isso, minha gente está enterrada aí. Vamos entrar um instante e te mostrarei o pôr do sol mais lindo do mundo.

Perplexa, ela encarou-o um instante. E vergou a cabeça para trás numa risada.

- Ver o pôr do sol!...Ah, meu Deus...Fabuloso, fabuloso!...Me implora um último encontro, me atormenta dias seguidos, me faz vir de longe para esta buraqueira, só mais uma vez, só mais uma! E para quê? Para ver o pôr do sol num cemitério...

Ele riu também, afetando encabulamento como um menino pilhado em falta.

- Raquel minha querida, não faça assim comigo. Você sabe que eu gostaria era de te levar ao meu apartamento, mas fiquei mais pobre ainda, como se isso fosse possível. Moro agora numa pensão horrenda, a dona é uma Medusa que vive espiando pelo buraco da fechadura...

- E você acha que eu iria?

- Não se zangue, sei que não iria, você está sendo fidelíssima. Então pensei, se pudéssemos conversar um instante numa rua afastada...- disse ele, aproximando-se mais. Acariciou-lhe o braço com as pontas dos dedos. Ficou sério. E aos poucos, inúmeras rugazinhas foram se formando em redor dos seus olhos ligeiramente apertados. Os leques de rugas se aprofundaram numa expressão astuta. Não era nesse instante tão jovem como aparentava. Mas logo sorriu e a rede de rugas desapareceu sem deixar vestígio. Voltou-lhe novamente o ar inexperiente e meio desatento –Você fez bem em vir.

- Quer dizer que o programa... E não podíamos tomar alguma coisa num bar?

- Estou sem dinheiro, meu anjo, vê se entende.

- Mas eu pago.

- Com o dinheiro dele? Prefiro beber formicida. Escolhi este passeio porque é de graça e muito decente, não pode haver passeio mais decente, não concorda comigo? Até romântico.

Ela olhou em redor. Puxou o braço que ele apertava.

- Foi um risco enorme Ricardo. Ele é ciumentíssimo. Está farto de saber que tive meus casos. Se nos pilha juntos, então sim, quero ver se alguma das suas fabulosas idéias vai me consertar a vida.

- Mas me lembrei deste lugar justamente porque não quero que você se arrisque, meu anjo. Não tem lugar mais discreto do que um cemitério abandonado, veja, completamente abandonado – prosseguiu ele, abrindo o portão. Os velhos gonzos gemeram. – Jamais seu amigo ou um amigo do seu amigo saberá que estivemos aqui.

- É um risco enorme, já disse . Não insista nessas brincadeiras, por favor. E se vem um enterro? Não suporto enterros.

- Mas enterro de quem? Raquel, Raquel, quantas vezes preciso repetir a mesma coisa?! Há séculos ninguém mais é enterrado aqui, acho que nem os ossos sobraram, que bobagem. Vem comigo, pode me dar o braço, não tenha medo...

O mato rasteiro dominava tudo. E, não satisfeito de ter se alastrado furioso pelos canteiros, subira pelas sepulturas, infiltrando-se ávido pelos rachões dos mármores, invadira alamedas de pedregulhos esverdinhados, como se quisesse com a sua violenta força de vida cobrir para sempre os últimos vestígios da morte. Foram andando vagarosamente pela longa alameda banhada de sol. Os passos de ambos ressoavam sonoros como uma estranha música feita do som das folhas secas trituradas sobre os pedregulhos. Amuada mas obediente, ela se deixava conduzir como uma criança. Às vezes mostrava certa curiosidade por uma ou outra sepultura com os pálidos medalhões de retratos esmaltados.

- É imenso, hem? E tão miserável, nunca vi um cemitério mais miserável, é deprimente – exclamou ela atirando a ponta do cigarro na direção de um anjinho de cabeça decepada.- Vamos embora, Ricardo, chega.

- Ah, Raquel, olha um pouco para esta tarde! Deprimente por quê? Não sei onde foi que eu li, a beleza não está nem na luz da manhã nem na sombra da tarde, está no crepúsculo, nesse meio-tom, nessa ambigüidade. Estou lhe dando um crepúsculo numa bandeja e você se queixa.

- Não gosto de cemitério, já disse. E ainda mais cemitério pobre.

Delicadamente ele beijou-lhe a mão.

- Você prometeu dar um fim de tarde a este seu escravo.

- É, mas fiz mal. Pode ser muito engraçado, mas não quero me arriscar mais.

- Ele é tão rico assim?

- Riquíssimo. Vai me levar agora numa viagem fabulosa até o Oriente. Já ouviu falar no Oriente? Vamos até o Oriente, meu caro...

Ele apanhou um pedregulho e fechou-o na mão. A pequenina rede de rugas voltou a se estender em redor dos seus olhos. A fisionomia, tão aberta e lisa, repentinamente escureceu, envelhecida. Mas logo o sorriso reapareceu e as rugazinhas sumiram.

- Eu também te levei um dia para passear de barco, lembra?
Recostando a cabeça no ombro do homem, ela retardou o passo.

- Sabe Ricardo, acho que você é mesmo tantã...Mas, apesar de tudo, tenho às vezes saudade daquele tempo. Que ano aquele! Palavra que, quando penso, não entendo até hoje como agüentei tanto, imagine um ano.

- É que você tinha lido A dama das Camélias, ficou assim toda frágil, toda sentimental. E agora? Que romance você está lendo agora. Hem?

- Nenhum - respondeu ela, franzindo os lábios. Deteve-se para ler a inscrição de uma laje despedaçada: - A minha querida esposa, eternas saudades - leu em voz baixa. Fez um muxoxo.- Pois sim. Durou pouco essa eternidade.

Ele atirou o pedregulho num canteiro ressequido.

- Mas é esse abandono na morte que faz o encanto disto. Não se encontra mais a menor intervenção dos vivos, a estúpida intervenção dos vivos. Veja- disse, apontando uma sepultura fendida, a erva daninha brotando insólita de dentro da fenda -, o musgo já cobriu o nome na pedra. Por cima do musgo, ainda virão as raízes, depois as folhas...Esta a morte perfeita, nem lembrança, nem saudade, nem o nome sequer. Nem isso.

Ela aconchegou-se mais a ele. Bocejou.

- Está bem, mas agora vamos embora que já me diverti muito, faz tempo que não me divirto tanto, só mesmo um cara como você podia me fazer divertir assim – Deu-lhe um rápido beijo na face. - Chega Ricardo, quero ir embora.

- Mais alguns passos...

- Mas este cemitério não acaba mais, já andamos quilômetros! – Olhou para atrás. – Nunca andei tanto, Ricardo, vou ficar exausta.

- A boa vida te deixou preguiçosa. Que feio – lamentou ele, impelindo-a para frente. – Dobrando esta alameda, fica o jazigo da minha gente, é de lá que se vê o pôr do sol. – E, tomando-a pela cintura: - Sabe, Raquel, andei muitas vezes por aqui de mãos dadas com minha prima. Tínhamos então doze anos. Todos os domingos minha mãe vinha trazer flores e arrumar nossa capelinha onde já estava enterrado meu pai. Eu e minha priminha vínhamos com ela e ficávamos por aí, de mãos dadas, fazendo tantos planos. Agora as duas estão mortas.

- Sua prima também?

- Também. Morreu quando completou quinze anos. Não era propriamente bonita, mas tinha uns olhos...Eram assim verdes como os seus, parecidos com os seus. Extraordinário, Raquel, extraordinário como vocês duas...Penso agora que toda a beleza dela residia apenas nos olhos, assim meio oblíquos, como os seus.

- Vocês se amaram?

- Ela me amou. Foi a única criatura que...- Fez um gesto. – Enfim não tem importância.

Raquel tirou-lhe o cigarro, tragou e depois devolveu-o

- Eu gostei de você, Ricardo.

- E eu te amei. E te amo ainda. Percebe agora a diferença?

Um pássaro rompeu o cipreste e soltou um grito. Ela estremeceu.

- Esfriou, não? Vamos embora.

- Já chegamos, meu anjo. Aqui estão meus mortos.

Pararam diante de uma capelinha coberta de alto a baixo por uma trepadeira selvagem, que a envolvia num furioso abraço de cipós e folhas. A estreita porta rangeu quando ele a abriu de par em par. A luz invadiu um cubículo de paredes enegrecidas, cheias de estrias de antigas goteiras. No centro do cubículo, um altar meio desmantelado, coberto por uma toalha que adquirira a cor do tempo. Dois vasos de desbotada opalina ladeavam um tosco crucifixo de madeira. Entre os braços da cruz, uma aranha tecera dois triângulos de teias já rompidas, pendendo como farrapos de um manto que alguém colocara sobre os ombro do Cristo. Na parede lateral, à direita da porta, uma portinhola de ferro dando acesso para uma escada de pedra, descendo em caracol para a catacumba.

Ela entrou na ponta dos pés, evitando roçar mesmo de leve naqueles restos da capelinha.

- Que triste é isto, Ricardo. Nunca mais você esteve aqui?

Ele tocou na face da imagem recoberta de poeira. Sorriu melancólico.

- Sei que você gostaria de encontrar tudo limpinho, flores nos vasos, velas, sinais da minha dedicação, certo?

- Mas já disse que o que eu mais amo neste cemitério é precisamente esse abandono, esta solidão. As pontes com o outro mundo foram cortadas e aqui a morte se isolou total. Absoluta.

Ela adiantou-se e espiou através das enferrujadas barras de ferro da portinhola. Na semi-obscuridade do subsolo, os gavetões se estendiam ao longo das quatro paredes que formavam um estreito retângulo cinzento.

- E lá embaixo?

- Pois lá estão as gavetas. E, nas gavetas, minhas raízes. Pó, meu anjo, pó- murmurou ele. Abriu a portinhola e desceu a escada. Aproximou-se de uma gaveta no centro da parede, segurando firme na alça de bronze, como se fosse puxá-la. – A cômoda de pedra. Não é grandiosa?

Detendo-se no topo da escada, ela inclinou-se mais para ver melhor.

- Todas estas gavetas estão cheias?

- Cheias?...- Sorriu.- Só as que tem o retrato e a inscrição, está vendo? Nesta está o retrato da minha mãe, aqui ficou minha mãe- prosseguiu ele, tocando com as pontas dos dedos num medalhão esmaltado, embutido no centro da gaveta.

Ela cruzou os braços. Falou baixinho, um ligeiro tremor na voz.

- Vamos, Ricardo, vamos.

- Você está com medo?

- Claro que não, estou é com frio. Suba e vamos embora, estou com frio!
Ele não respondeu. Adiantara-se até um dos gavetões na parede oposta e acendeu um fósforo. Inclinou-se para o medalhão frouxamente iluminado:

- A priminha Maria Emília. Lembro-me até do dia em que tirou esse retrato. Foi umas duas semanas antes de morrer... Prendeu os cabelos com uma fita azul e vejo-a se exibir, estou bonita? Estou bonita?...- Falava agora consigo mesmo, doce e gravemente.- Não, não é que fosse bonita, mas os olhos...Venha ver, Raquel, é impressionante como tinha olhos iguais aos seus.

Ela desceu a escada, encolhendo-se para não esbarrar em nada.

- Que frio que faz aqui. E que escuro, não estou enxergando...

Acendendo outro fósforo, ele ofereceu-o à companheira.

- Pegue, dá para ver muito bem...- Afastou-se para o lado.- Repare nos olhos.

- Mas estão tão desbotados, mal se vê que é uma moça...- Antes da chama se apagar, aproximou-a da inscrição feita na pedra. Leu em voz alta, lentamente.- Maria Emília, nascida em vinte de maio de mil oitocentos e falecida...- Deixou cair o palito e ficou um instante imóvel – Mas esta não podia ser sua namorada, morreu há mais de cem anos! Seu menti...

Um baque metálico decepou-lhe a palavra pelo meio. Olhou em redor. A peça estava deserta. Voltou o olhar para a escada. No topo, Ricardo a observava por detrás da portinhola fechada. Tinha seu sorriso meio inocente, meio malicioso.

- Isto nunca foi o jazigo da sua família, seu mentiroso? Brincadeira mais cretina! – exclamou ela, subindo rapidamente a escada. – Não tem graça nenhuma, ouviu?

Ele esperou que ela chegasse quase a tocar o trinco da portinhola de ferro. Então deu uma volta à chave, arrancou-a da fechadura e saltou para trás.

- Ricardo, abre isto imediatamente! Vamos, imediatamente! – ordenou, torcendo o trinco.- Detesto esse tipo de brincadeira, você sabe disso. Seu idiota! É no que dá seguir a cabeça de um idiota desses. Brincadeira mais estúpida!

- Uma réstia de sol vai entrar pela frincha da porta, tem uma frincha na porta. Depois, vai se afastando devagarinho, bem devagarinho. Você terá o pôr do sol mais belo do mundo.

Ela sacudia a portinhola.

- Ricardo, chega, já disse! Chega! Abre imediatamente, imediatamente!- Sacudiu a portinhola com mais força ainda, agarrou-se a ela, dependurando-se por entre as grades. Ficou ofegante, os olhos cheios de lágrimas. Ensaiou um sorriso. - Ouça, meu bem, foi engraçadíssimo, mas agora preciso ir mesmo, vamos, abra...

Ele já não sorria. Estava sério, os olhos diminuídos. Em redor deles, reapareceram as rugazinhas abertas em leque.

- Boa noite, Raquel.

- Chega, Ricardo! Você vai me pagar!... - gritou ela, estendendo os braços por entre as grades, tentando agarrá-lo.- Cretino! Me dá a chave desta porcaria, vamos!- exigiu, examinando a fechadura nova em folha. Examinou em seguida as grades cobertas por uma crosta de ferrugem. Imobilizou-se. Foi erguendo o olhar até a chave que ele balançava pela argola, como um pêndulo. Encarou-o, apertando contra a grade a face sem cor. Esbugalhou os olhos num espasmo e amoleceu o corpo. Foi escorregando.

- Não, não...

Voltado ainda para ela, ele chegara até a porta e abriu os braços. Foi puxando as duas folhas escancaradas.

- Boa noite, meu anjo.

Os lábios dela se pregavam um ao outro, como se entre eles houvesse cola. Os olhos rodavam pesadamente numa expressão embrutecida.

- Não...

Guardando a chave no bolso, ele retomou o caminho percorrido. No breve silêncio, o som dos pedregulhos se entrechocando úmidos sob seus sapatos. E, de repente, o grito medonho, inumano:

- NÃO!

Durante algum tempo ele ainda ouviu os gritos que se multiplicaram, semelhantes aos de um animal sendo estraçalhado. Depois, os uivos foram ficando mais remotos, abafados como se viessem das profundezas da terra. Assim que atingiu o portão do cemitério, ele lançou ao poente um olhar mortiço. Ficou atento. Nenhum ouvido humano escutaria agora qualquer chamado. Acendeu um cigarro e foi descendo a ladeira. Crianças ao longe brincavam de roda.

Lygia Fagundes Telles

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outubro 28, 2010

O rumo indefinido do amor

Amor.

Ser pensante, infame, infantil.

Amor triangular, quadrado, pentagonal, octogonal.

Uma profusão de lados, arestas, pontas, superfícies.

Amor, que é mecânico, orgânico, sutil, vulgar, vil, honesto.

Que morre e mata. Que é ferro, fogo, mar e ar.

É espinho venenoso na carne doce.

É boca, costas, mãos, pernas.

As vezes insalubre, sempre insano.

Amor. Que é dubio ou explicito.

Visto, assistido, comemorado, gritado, temperado.

Amor que é preparado com amor.

Degustado, apetece ao paladar, mas que quase sempre termina como o resto.

Mal dito, mal pago, mal acabado.

Macabro, mortalmente ferido no peito.

Transpassado e finalmente esquecido.

Ah.... o amor.


- x -


Pois é então... Romantismo correndo solto pelo BS!

Faz um tempo que não escrevo poesias, mas essa semana, durante a viagem de vinda pra faculdade, olhando a paisagem me veio essas frases sobre o amor... Só pra constar, eu acredito no amor, okay! ;)

Bom, era isso por hoje... Não esqueça ai de visitar o Metal Contra as Nuvens!!

:)


Espero que gostem do post...

Paz e Força Sempre!!

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I Don't Belong Here...

Antes de mais nada, quero que coloquem essa música pra tocar enquanto estiverem lendo o texto... Ela é a SoundTrack desse post...

-x-

Onde está ela? Preciso que esteja aqui me dando o apoio que somente ela é capaz de dar... Com um carinho e proteção que só ela sabe expressar...
Me sinto perdido, sozinho nesta sala vazia, repleta de pessoas vazias, com vidas e conversas vazias. Assim como eles, também sou vazio, pois não a tenho ao meu lado, para completar-me a existência.

Seus olhos castanhos, ah os olhos, como são lindos... Distoam de sua pele clara e combinam com o brilho de seu sorriso tímido e reservado, de canto de boca... Os cabelos sedosos e vermelhos, com graciosidade emolduram seu rosto sereno e de uma beleza que só ela tem...

Neste lugar, não conheço ninguém. Não dirijo a palavra aos outros convidados se eles não falarem comigo. Políticos, personalidades, artistas, escritores e todo o tipo de pessoa publica e famosa. Eu? Só mais um anônimo entre eles, como os garçons.

Ela? Vencedora do prêmio Pulitzer, a maior premiação que um jornalista poderia receber.
Eu: anônimo, mais um funcionário da repartição; Ela: jornalista de de sucesso, destaque em todos os jornais...

Como eu vim parar aqui? Como ela aceitou ficar comigo para o resto da vida? Sei que não sou nenhum modelo de beleza, nem tenho um porte físico muito elogiável, mas ela... Ela é perfeita! Suas curvas, seu olhar, o jeito misterioso como ela sorri... Como tive a sorte de me casar com ela. Tive sorte de poder estar ao seu lado e dar-lhe meu amor e carinho... E receber dela a força necessária para continuar vivendo, errando e aprendendo com esses erros...

-x-

Salve galera... É, o BS tá numa fase obscuramente "corte os pulsos"... mas isso vai passar logo...
Peço que vejam o post novo da Fefeeh no #MCN... muito bom... *fikadika

Paz e Força Sempre!!

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outubro 19, 2010

O fim, por mais conturbado que possa ser, ainda é uma coisa triste...

- Eu preciso ir... Não posso viver dessa maneira, entre a cruz e a espada...
- Mas eu preciso de você... Você não pode me abandonar assim... -  disse ela.

O fato é que ele estava sendo pressionado e não sabia se conseguiria suportar...

Ele queria continuar, queria mesmo... mas não sabia se poderia. Ele a amava... mas havia vários outros fatores...

Havia a namorada ciumenta, a distância, o namorado dela... Eles poderia ficar juntos algum dia, mas quando isso aconteceria? Como poderiam ter certeza disso?

O fato é que ele acabou estragando tudo, mais uma vez...

Quem é ele? Ele é o PARVO, que sempre faz tudo errado!

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outubro 13, 2010

Eu sabia que você viria...

Um filho pergunta à mãe:
- Mãe, posso ir ao hospital ver meu amigo? Ele está doente!
- claro, mas o que ele tem?
O filho, com a cabeça baixa, diz:
- Tumor no cérebro.
A mãe, furiosa, diz:
- E você quer ir lá para quê? Vê-lo morrer?
O filho lhe dá as costas e vai.
Horas depois ele volta vermelho de tanto chorar, dizendo:
- Ai mãe, foi tão horrivel, ele morreu na minha frente!
A mãe, com raiva:
- E agora? Tá feliz? Valeu a pena ter visto aquela cena?
Uma última lágrima cai de seus olhos e, acompanhado de um sorriso, ele diz:
- Muito, pois cheguei a tempo de vê-lo sorrir e dizer:
- Eu sabia que você viria...

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O (talvez) Fim...



Não é impressionante quantas vezes tomamos uma decisão impensada? Quantas vezes agimos achando que é o certo a fazer e depois nos arreendemos... Tá certo, o arrependimento não vai mudar o que aconteceu (ou deixou de acontecer), mas por que nos sentimos assim? Por que ficamos mal e arrependidos?

Talvez por perceber a oportunidade fugindo de você por entre seu dedos enquanto tenta inutilmente agarrá-la... Talvez por não querer que as coisas tomassem certo rumo na vida... Talvez por medo...

A perda é sempre algo assustador... Seja a perda de um amor, de uma companhia ou até mesmo da confiança de alguém (ou da sua própria). "Queria que ainda estivéssemos juntos"... "Queria que você estivesse aqui"...

Frases para um amor perdido (ou que tenha se perdido por necessidade) são sempre as mais tristes e deprimentes... Numa conversa casual surgiu o assunto e eles começaram a se lembrar de quando estavam juntos. Lembraram das conversas, dos sms, dos e-mail, jurasde amor eterno... Mas isso só complicou ainda mais a cabeça dele.

O que fazer quando não se pode abandonar tudo o que foi construido e simplesmente ir atrás daquela pessoa? Há algo a fazer?

Não havia motivos para mentiram um para o outro. As palavras ditas naquela noite, foram as mais sinceras entre eles. "Eu acho que... eu te amo... sempre amei", disse ele. Com um sorriso tímido que só ela tem, retribuiu a frase-confissão com um "eu também te amo".

Ficaram um tempo em silêncio, esperando que alguma coisa fosse dita... Ele então, ao ver os olhos cheios de lágrimas, disse:
- Tudo bem com você? Foi alguma coisa que eu disse?
- Não, não foi nada que você disse... Só estou lembrando das coisas que passamos juntos... dos momentos...
- Tá arrependida?
- Não, tô só lembrando como foi bom poder estar em seus braços, poder ter seu beijo, poder ter você por inteiro... Mas agora, acabou, né? Nada vai mudar isso, nem voltar atrás...
- Não fala assim... Eu te amo, e você sabe disso... O mundo dá muitas voltas. Pode ser que amanhã estejamos juntos de novo... Por enquanto a gente precisa estar 'separados'... Mas isso não quer dizer que eu não te amo, não quer dizer qu não podemos ser amigos mais...
- Tudo bem, eu também te amo... Muito!

E assim, ele foi embora e ela ficou só, mais uma vez. Ela ficou perdida e atordoada pela conversa que teve com ele. O homem que ela tanto amava, agora estava indo embora, saindo de sua vida sabe-se lá por quanto tempo... Mas ela ainda tinha sua estima, admiração e todo o carinho e amor que ele poderia proporcionar...

Antes de sair, ele para, olha pra trás e diz baixinho, sem que ela possa ouvir:
- Vou sentir sua falta, minha Bella Donna... Te amo... - e saiu fchando a porta atrás de si, dexando-a sozinha, chorando silenciosamente...


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Despedida




"Eu não sabia exatamente o que dizer então fiquei parada ali na porta enquanto ele saia sem olhar pra trás, mas mesmo de costas pra mim, eu podia sentir o olhar baixo dele, também estava triste, também estava magoado, mas não havia mais o que fazer.

A noite fora longa, conversamos bastante sobre tudo e até rimos de coisas do passado, acertamos as crises sobre as quais ainda não tínhamos falado. E terminou assim, triste e suave. Calmamente, quando ele se levantou eu já sabia que o amor se ia com ele, e quando ele abriu a porta, eu senti toda a dor que ainda não havia sentido.

Senti o calor das lágrimas se misturarem ao rubor do meu rosto que agora se distorcia no amor acabado. O choro foi inevitável, os soluços incontroláveis e eu chamei o nome dele ainda uma vez, bem baixinho, sem que ele ouvisse e pela ultima vez sussurrei “eu te amo”. Se ele por algum motivo se voltasse pra mim e olhasse nos meus olhos, seria provável que eu morresse ali mesmo, com o coração transpassado e a alma partida.

Como eu amava aquele homem. E como eu sofreria sem ele. Mas o amor é como uma delicada flor que deve ser cuidada todos os dias, regada. Deve-se lhe dar todo carinho, e cultivá-la em solo fértil. Mas quando a praga da indiferença e do desrespeito ameaçam suas raízes, deve-se saber arrancar do peito todas as ramificações do amor sem cura.

O coração sangra, a garganta ameaça explodir em gritos desesperados e os pulsos pedem a solução final. Mas para que tirar de mim a única coisa que me resta, minha própria vida?

Ele partiu a menos de uma hora e seu cheiro ainda esta neste quarto. Eu sinto o calor do ultimo abraço dele no meu corpo e as palavras que me disse ainda ecoam em meus ouvidos. É tão mais difícil aceitar quando não se brigou, quando não houveram acusações, quando o fim foi simples e se resolveu tudo numa conversa e numa noite.

Ele partiu para seguir seu caminho, talvez com outra, talvez sozinho. Eu fiquei. Fiquei perdida no vácuo de tempo e espaço que a partida dele me deixou. Ele ganhou a liberdade, e eu fiquei com a solidão."

- x -

Um salve aos leitores do blog..
Sim, eu sei que ando looonge daqui, mas é a vida...
Bom, continuem acompanhando os escritos do BS e tambem do Metal Contra as Nuvens.. Sempre tem algo novo.

Bom, sobre o texto. Mais um, da série fantasia "Marcados a ferro e fogo na alma"...


É isso.


Paz e Força sempre!

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outubro 07, 2010

Revolta...

Capitalismo.

Essa é a palavra de ordem desde o momento em que acordamos, até quando vamos dormir.

Consumismo.

Comprem, comprem, adquiram os mais novos produtos, o mais novo modelo de celular. "Este vem com câmera de tantos mp, bluetooth, wi-fi, viva-voz, mp4, reproduz vídeos, slides e o diabo à quatro... Ele faz ATÉ ligações..."

O que houve com o mundo que conhecemos à 10 ou 15 anos atrás, onde as pessoas não tinham essa necessidade enormemente grande de consumir? Por que todos contraem tantas dívidas??? Ok, você vai me dizer aquela frase famosa: "Quem não deve, não progride". Eu concordo com você, mas isso não quer dizer que você precise gastar mais que seu salário em coisas banais... A questão é: compre, consuma, gaste seu dinheiro, mas faça isso conscientemente... não gaste mais do que você ganha, com coisas que não serão de grande utilidade... O principal, é a CONSCIENTIZAÇÃO das pessoas...

Você, que está lendo este texto agora (e provavelmente está pensando: "Que merda..."), PARE DE SER ESCRAVO DESTE CONSUMISMO! Pare de gastar dinheiro vertiginosamente... Os impostos que você paga por um produto, representam, em alguns casos, até 80% do valor... e para quê? Para que os políticos possam encher o rabo com milhões que são desviados... E não é só imposto de produtos e mercadorias. Há outra centena de impostos que servem para o bem da população, mas que são desviados pelos mesmos palhaços corruptos que VOCÊ elegeu...

Você se lembra quando a ditadura acabou e houve a volta da democracia ao Brasil, não lembra? Se lembra de um presidente que foi deposto, um tal de Fernando Collor de Mello? O grandissíssimo filho-da-puta que congelou a poupança de todo mundo e fez um limpa nas mesmas. É, o mesmo ilustríssimo canalha que foi deposto por literalmente roubar o povo, foi eleito senador do Alagoas...

O que mais me deixa indignado, é o povo colocar esse grandissíssmo desgraçado no governo novamente... Igual fizeram com o Sarney. O Marajá do Maranhão... Como é que pode uma coisa dessas??? O lazarento manda e desmanda na porra do estado e todo mundo abaixa a cabeça e diz 'sim, senhor'... Não pode... A democracia é o povo... Quem manda nessa merda, somos NÓS!!! Você pode mudar essa situação... Você DEVE mudar essa situação...

Agora que teremos o segundo turno, espero que não seja estúpido o suficiente para apenas votar... Avalie a proposta dos candidatos, debata, questione, procure informações sobre o candidato, o histórico dele...

Seja esperto, seja você, Viva, Questione...

E pra finalizar, um verso de uma música que tem muito a ver com esse assunto:

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setembro 30, 2010

Esclarecimentos

Saúdo-vos...

Quero esclarecer o motivo da interrupção do "livro": Just Another Irish Story.

Eu estava escrevendo em um caderno, porque era mais fácil e podia escrever em qualquer lugar... Depois de ter comprado o notebook, passei a escrever tudo digitalmente. Acontece que deu problema nessa bagaça e perdi todo o projeto. Assim, peço que tenham um pouco de paciência que logo que possível, será continuada a história.

Sem mais delongas, despeço-me.

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setembro 29, 2010

Sobre Café e Cigarros

Sei lá. Certas concessões só mesmo o coração pode fazer: para um hábil cãozinho, o retrátil pão, uma tigela de água e as verdades morredouras que guardamos no armário de nossas idéias e não dividimos com os outros. Aquelas verdades "maduras", amadurecidas com os maços de cigarros à porta do quintal, chinelo de dedo, sorriso tentado, mas preso pela armação da boca, firme, severa, cortante, oca. Eu me sinto como você, eu também sou filho de deus e tenho um apanhado de idéias "maduras", faço o meu próprio café, trilho os meus próprios caminhos, sei pegar um busão para chegar ou sair da capital. Mesmo na faculdade, eu e você somos independentes, únicos. Todos fumam, cada um à sua maneira. Não é? Vodka: verdade. Cigarro: verdade. Roupa nova, namoda: verdade. Roupa velha, atemporal quando me da na telha: verdade. O que eu penso da minha família: verdade. Tudo o que acho que ela deveria pensar de mim: verdade. O que eu acho engraçado é como nó fazemos essas ideias, essas verdades, como elas crescem em nós e se enraízam. Por exemplo, você estando à porta da sua casa, olhando o céu repleto de estrelas, olha para o chinelo de dedos, para os dedos, para a rua vazia, para o céu. O cigarro na mão. Daí passa alguém na rua, não importa se punk, homo, buda, você é um ser reflexivo que respeita qualquer tipo de manifestação cultural, religiosa, filosófica, enfim. Daí você de cara já pensa: é punk, homo, é buda! Mas você pensa em seguida: eu nada tenho a ver com isso. Mas você se lembra de um conhecido, e das impressões que te deixou, boas ou más, neutras, sem cheiro, o que for, e fica pensando, e arma na boca um sorriso, mas não sorri. Ou se mantém na concentração. Alguma coisa sedimentada em você diz que você não deve julgar, ninguém deve julgar, mas essa mesma coisa sedimentada em você coloca em algum lugar da sua trajetóriaesse buda carequinha, um colega seu de colégio, faculdade, trabalho, um desenho qualquer, um filme. Você caminha por sua memória e percebe como sua identidade é consolidada, como você não se identifica com o punk, nem com o homo, nem com o buda, e que você é de fato um ser único, inteiro, original. No  beco de suas idéias, você poderia morrer naquele instante, e ser apenas a morte de mais um ser original de fábrica. Você tem certeza que as pessoas em sua casa, lá na sala de tv, possivelmente não concordem inteiramente com você. Você não vê em si muita beleza. Você é um apanhado de tempo acumulado e de verdades amadurecidas com um cigarro na mão. Você tem certeza disso tudo, tanta certeza que você confere milimetricamente sua vida para se provar inteiramente coerente. Você é coerente, tem verdades amadurecidas, não vai mudar. Você não quer e tem certeza de que não vai mudar. Ninguém pode te mudar,você pensa. Só a vida, assim, num futuro muito remoto, incerto, impreciso, mais impreciso que a fumaça do seu cigarro, só a vida num turbilhão poderia mudar alguma coisa. Então você pensa um pouco e connclui que, mesmo mudando muita coisa na sua vida, a vida em si não poderia provocar uma mudança em você. Você tem certeza. Você compra vodka, fuma cigarros, frequenta a badalada sociedade de seu círculo de conhecidos, e viaja pra praia. Você viaja pra praia e faz as mesmas coisas, pratica as mesmas verdades, que você pratica em sua cidade habitual. Bebe vodka, vai ao bar, fuma, passa mal, lê uma revista, compra roupas, assiste televisão, usa chinelo de dedo, sapato apertado, vai ao bar, fuma, toma banho quente, só banho quente. Fica de mal-humor se algum plano de turismo se acena impraticável, mas fuma um cigarro e tudo volta aos eixos. É mais uma história pra contar. Você sabe. Você, aliás, amadureceu ainda mais aquelas verdades amadurecidas. O céu é estrela cadente, há fumaça nas coisas e no teu cigarro. O quintal e a rua ascendem rebocando a paisagem dos teus pensamentos. Entretudo, você ainda se alegra vendo o cachorrinho beber àgua, alisa seu pêlo rasteiro de vira-lata, você finalmente consegue sorrir. O buda já está longe, mas você o vê ascender um cigarro antes de dobrar o outro quarteirão. Todos nós fimamos, afinal, você pensa. Cada um a sua maneira. Sei lá.


Luis Gustavo Cardoso in revista E Vamos À Luta

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agosto 29, 2010

Capítulo III - Funeral

O velório de Anna foi bastante discreto. Ela estava cadavericamente linda no caixão de madeira negra como a noite, como a morte. Sua tez branca como a neve transmitia uma serenidade incomun. Era como se estivesse sorrindo aos que vinham prestar-lhe a última homenagem.

Joe estava sentado no primeiro banco, bem próximo ao caixão, quando Sam sentou-se ao seu lado, com uma expressão triste. “Sinto muito por sua perda Joe”, dizia com os olhos tristes.

Já no cemitério municipal, poucom momentos antes de baixarem o caixão à sepultura, Joe nota a aproximação de um sedan preto. O carro para a alguma distância e dele saem dois homens. Um deles, o motorista, era Fredo. O outro era Toni. Joe quase não acreditou no que via. “Canalha... Como tem coragem de aparecer por aqui? Como pôde vir ao funeral de Anna, após tê-la matado cruelmente?” pensou ele.

O FourLeaf havia se tornado uma segunda casa para Joe, após a morte de Anna. Sam permitira que ficasse ali o tempo que achasse necessário. Durante o dia, eram apenas dois amigos, mas durante a noite, tornavam-se como pai e filho, tornavam-se cúmplices enquanto Joe arquitetava sua vingança.

Sem motivos para voltar para casa, passou algumas semanas vagando solitário pela noite gélida. Parou na esquina onde houvera a briga, lembrando-se dos dentes do italiano sendo cuspidos, com um esguicho de sangue e saliva. Um sorriso de satisfação macabra surgiu no canto da boca, mas logo desapareceu.
Anna estava parada á sua frente.
Vingança, querido. Eu quero vingança. Mate aquele desgraçado. Faça com que ele sofra, como eu sofri, dizia ela.

Não podia acreditar no que estava vendo e ouvindo. Ela havia sido enterrada havia duas semanas e agora estava ali, diante dele, falando... suplicando. Elfregou os olhos duas vezes e olhou novamente. Ela sumira.

-    Tenho o plano perfeito para me vingar daquele bastardo – dizia ao velho O'Neil enquanto se sentava – Ele vai sofrer muito, vai desejar nunca ter matado minha Anna.

Conforme ia expondo seu plano ao velho, Joe podeia sentir sua vingança se concretizando e sua raiva se tornava algo doce, como uma fruta madura.

Podia sentir o pescoço do italiano sendo torcido por seus dedos magros, porém fortes, enquanto uma veia saltava em sua têmporae seu rosto assumia um tom vermelho sangue.




Novamente saúdo-vos, leitores e colaboradores deste blog. Venho desta vez agradecer pelas visitas e pedir que continuem comentando.
Sem mais delongas, despeço-me. Até breve!

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agosto 20, 2010

Capítulo II - Anna

As madrugadas frias pareciam não ter mais fim para Joe e os outros, enquanto esperavam os malditos italianos que, desde a briga, estavam meio apreensivos. Após uma longa conversa com o velho Sam O'Neil no FourLeaf Clubber, o jovem vai para casa, para reencontrar sua esposa Anna.

Durante a caminhada, Joe lembrou-se de como havia conhecido-a: Ele estava sentado na mesa do fundo, tomando seu café enquanto lia o obituário no jornal. Anna aproximou-se e sentou de frente para ele, que não percebera (ou fingira que não percebera) a moça.

-Por gentileza, que horas são? - perguntou-lhe ela.
-Oito e quarenta e cinco – respondeu Joe, sem olhar para sua desconhecida companheira de mesa.

Anna balbuciou alguma coisa ininteligível e Joe levantou o olhar, tentando compreender o que ela tentou dizer. Naquele momento, ele viu a bela figura loura de tez branca, como ele jamais havia visto. Os olhos verdes de Anna pareciam sorrir enquanto olhavam para ele.Percebendo que chegara em casa, Joe abandona as lembranças com um sorriso tímido e prepara-se para abrir a porta, que percebe estar entreaberta.

Cauteloso, ele entra e percebe a quietude do ambiente e a atmosfera pesada. Ele sabia que algo havia acontecido. Ao subir para o quarto, no segundo andar, depara-se com o corpo sem vida de Anna, imerso um uma grande poça de sangue sobre a cama.Embora não houvesse nada que pudesse provar de imediato, sabia que os responsáveis haviam sido os italianos, comandados por Benini, e Joe não deixaria eles se safarem assim. Haveria vingança!

Após os legistas e a polícia irem embora, Joe dirigiu-se ao FourLeaf e se sentou à mesa do fundo. A mesma em que estava quando conhecera Anna. Embora passasse de três e meia da madrugada, o bar estava cheio de pessoas bebendo alegremente, e o cheiro dos cigarros preenchia o ambiente.

Assim que o viu, o velho Sam se aproximou e sentou na cadeira vazia à frente do jovem. Logo que se sentou, pôde ver o ódio nos olhos vermelhos e cheios de lágrimas de Joe.

-O que houve filho – perguntou o velho.
-Anna... - sua voz era baixa e raivosa – Aqueles bastardos a mataram. Agora, todos eles vão pagar por isso! TODOS!

Assim que acabou de falar, Sam mandou trazer uma garrafa do melhor uísque que havia no bar. Era como se desse as condolências a Joe ao entregar-lhe a garrafa. Após algumas horas, Joe estava completamente bêbado, dormindo sobre a mesa.

Ao amanhecer, perguntou onde estava o velho Sam. Precisava falar com ele. Precisava formular sua vingança. Queria vingar-se. Queria que Anna pudesse estar viva em seus braços, mas não estava graças ao maldito Marco Benini, aquele bastardo maldito. Agora ele pagaria por ter matado a mulher que Joe mais amava no mundo. Pagaria, não importava o tempo que demoraria, mas Marco pagaria com a própria vida.

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agosto 16, 2010

Capítulo I - O Início

- Não se preocupe tudo vai se ajeitar... Tudo vai dar certo! - foram as últimas palavras dela antes de entrar em casa, abrigando-se do vento frio que parecia cortar-lhe a face. Assim, ele deixa-a e também vai para casa, não antes de passar no FourLeaf Clubber, o pub irlandês a alguns quarteirões. O relógio anunciava 23:30, e a noite estava só começando.

Logo que entrou, Joe sentiu o cheiro forte e marcante de charutos recém apagados. Na mesa do fundo estava sentado um homem baixo e atarracado, com uma cabeça avermelhada e semi-calva. O homem era Sam O'Neil, chefe da área que compreendia todos os quarteirões num raio de um quilometro: o bairro irlandês.

O que Joe queria, era propor um acordo ao velho Sam. Um acordo que salvaria a vida de Joe e asseguraria o poder de Sam naquela área. Os italianos são pessoas perigosas e Joe descobrira isso da pior maneira. Ele os provocara de uma forma perigosamente impensada... Havia ferido o orgulho de Marco Benini, o braço direito do chefe da máfia italiana: Antonio diMarco. E agora era um alvo.

Após passar pelos guarda-costas que mais pareciam dois armários, Joe recebeu um aceno para sentar-se à mesa, enquanto Sam jantava. Alguns segundos se passaram enquanto era examinado pelo velho Sam que mastigava lentamente um pedaço de carne.

- O que exatamente você tem a me propor, Joe?
- Quero propor um acordo, Sam. Eu andei me metendo com os italianos e preciso de sua ajuda. Não sei o que vai acontecer comigo quando me pegarem.
- "Se" te pegarem Joe. Eu e seu pai éramos como irmãos, sabia? Maldito seja o dia em que ele foi morto por aqueles italianos de merda... Está certo Joe, mas o que você me oferece?
- Te ofereço minha lealdade e gratidão, Sam.

Assim, o jovem irlandês de cabelos escuros teve sua proposta aceita pelo velho Sam O'Neil. Durante a semana que se seguiu, tudo estava calmo. Assustadoramente calmo. Algo estava para acontecer, e Joe e Sam sabiam disso. Sabiam que os italianos não deixariam barato...

Na quarta feira, por volta das 22:00, Joe estava saindo de casa, com destino ao FourLeaf quando foi parado por um homem perguntando as horas. Joe notou que havia alguma coisa estranha no sotaque dele. Era sotaque italiano. Um maldito italiano tinha ido pegá-lo. Logo surgiram mais quatro deles, saltando de um carro com pequenos porretes. Por precaução, o velho Sam havia designado alguns de seus melhores homens para fazer a guarda de Joe.

Três irlandeses saíram das sombras com enormes tacos de basebol na mão. Um deles entregou um dos tacos a Joe. Houve então uma briga que mais parecia uma batalha viking. Ben, um irlandês de quase dois metros atingiu um dos italianos com um golpe no queixo, que o fez cuspir três dentes.

Alguns minutos mais tarde, Joe, Ben e os outros dois irlandeses estavam no pub do velho Sam, lavando suas caras doloridas e cheias de hematomas e sangue causados pela pequena batalha travada à apenas algumas quadras do pub.
 
 
 
Saúdo-vos, colaboradores, leitores e seguidores deste blog. Sei que devem estar meio decepcionados com a falta de regularidade nas postagens, mas isso não vai acontecer mais, eu prometo.
Acima, o primeiro capítulo do que parece ser meu pseudo-livro. Por enquanto trata-se de um mega-conto que, num futuro não tão distante, poderá ser publicado como livro.
Assim, despeço-me de vós e peço que visitem o Metal Contra as Nuvens.

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agosto 14, 2010

Google lança Chrome To Phone

Desenvolvido pelo engenheiro da google Dave Burke, o Chrome To Phone é uma extensão do navegador da google para smartphones que utilizam o sistema operacional Android.
A idéia é transferir site do Chrome para o smartphone e tem um funcionamento bastante simples, basta clicar no ícone 'móbile' do navegador que as informações são transferidas automaticamente para o smartphone.
O unico porém é que por enquanto só é possivel transferir 'para' o Smartphone e nao 'do' smatphone, mas o Chrome To Phone ainda é uma extrensão a ser densenvolvida. Entre os planos para o futuro está o desejo de que o Chrome To Phone funcione também no IPhone.

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My Apologize and a Great Song

Humildemente saúdo àqueles que visitam este blog...

Antes de mais nada, gostaria de pedir sinceras desculpas por demorar para postar, mas estou escrevendo muito e espero ter tempo para postar novamente...

Sei que não é muito legal ficar só postando vídeos, mas não consigo pensar em nada inteligente o suficiente para postar. Aproveitando meu estado emocional meio conturbado, posto-lhes uma grande musica que já me fez pensar muito...


Boys Don't Cry
The Cure

Eu diria que estou arrependido
Se achasse que isto faria você mudar de idéia
Mas eu sei que desta vez
Eu falei demais, fui indelicado demais

Eu tento rir disso tudo
Cobrindo com mentiras
Eu tento rir disso tudo
Escondendo as lágrimas em meus olhos
Pois garotos não choram
Garotos não choram

Eu me desmancharia aos seus pés
Mendigaria seu perdão, imploraria a você
Mas eu sei que é tarde demais
E agora não há nada que eu possa fazer

Por isso eu tento rir disso tudo
Cobrindo com mentiras
Eu tento rir disso tudo
Escondendo as lágrimas em meus olhos
Pois garotos não choram

Eu diria a você que te amava
Se achasse que você ficaria
Mas eu sei que é inútil
E você foi embora

Julguei mal o seu limite
Fiz você ir longe demais
Te subestimei, não te dei valor
Pensei que você precisasse mais de mim

Agora eu faria qualquer coisa
Para ter você de volta ao meu lado
Mas eu só fico rindo
Escondendo as lágrimas em meus olhos
Pois garotos não choram garotos
Garotos não choram
Garotos não choram

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julho 25, 2010

...Mas eu acho que eu poderia amá-la





Crimson and Clover
Joan Jett and the Blackhearts

Ah, agora eu não a conheço mal
Mas eu acho que eu poderia amá-la
Carmesim e trevo

Ah quando ela vem andando
Agora eu estive esperando para mostrá-la
Carmesim e trevo, de novo e de novo

Yeah, nossa, que coisa mais doce
Eu quero fazer tudo
Que sentimento lindo
Carmesim e trevo, de novo e de novo
Carmesim e trevo, de novo e de novo
Carmesim e trevo, de novo e de novo
Carmesim e trevo, de novo e de novo

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julho 24, 2010

Re-encenação de Star Wars

E ai galera, a partir de hoje postarei noticias e curiosidades do mundo nerd.

E pra começar, um grupo de nova-iorquinos conhecidos por realizarem missões divertidas pela cidade resolveu reencenar a cena em que ocorre o primeiro encontro entre a Princesa Leia e Darth Vader no filme Star Wars – Episódio IV – Uma Nova Esperança, dentro do metrô.



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NERD NEWS

Saudações galera...

Inicia-se neste humilde blog mais uma seção: NERD NEWS

Esta seção será EXCLUSIVAMENTE sobre a cultura nerd (coisa que eu acho muito, mas muito legal)!

Despeço-me de vós leitores e colaboradores, mas não antes de apresenter-lhes o mais novo membro colaborador deste blog: Johnny


Paz e Força SEMPRE!

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julho 22, 2010

Levante e lute!


Sabe aqueles dias em que você tem vontade de não fazer nada? Tem vontade de passar o dia todo na cama, ou vendo TV, ou qualquer outra coisa que não demande esforço, só pra passar o tempo? Então, dias como esses são mais constantes do que você imagina.

Pare de se lamentar pelo amor que foi embora, pela oportunidade perdida, pelo 'eu te amo' que não foi dito. Pare de choramingar e vá à luta! Erga a cabeça e enfrente todos os seus problemas. Às vezes eles parecerão assustadoramente enormes, e você poderá pensar que não vencerá a batalha. Mas enfrente-os assim mesmo, pois você tem uma arma secreta: seu OTIMISMO! A batalha até poderá estar perdida, mas a guerra ainda não acabou! Vire o jogo. VENÇA-OS!

Seja otimista, seja alegremente feliz... Não deixe que outras pessoas, outras coisas tirem sua alegria. Não se deixe abater e seja forte. Não pense que não pode, porque VOCÊ PODE! Você é forte, é invencível, basta apenas querer.

***

"A vida é pra quem topa qualquer parada, não para quem para em qualquer topada"
Bob Marley








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julho 20, 2010

Friends




É... hoje é dia do amigo...


Embora devesse ter motivos pra comemorar, não sei se devo... Não sei se tenho amigos de verdade. Com certeza tenho muitos conhecidos, colegas e afins... Mas AMIGOS mesmo, cabem em uma mão...

Tem a Feefeh, que é uma puta amiga e dá muita força (e muita bronca também)...
Tem o Junior e a Sara, que falam muita merda... muita mesmo, mas que eu considero meus irmãos...
Tem o Johnny, (meu irmão de sangue), que já deu uma bruta força qdo eu precisei...

E tem a Gabi... essa não precisa nem falar... minha irmã, minha parceira... meu amor!

É, AMIGOS mesmo, não tenho muitos..., mas os poucos que tenho, são muito, mas muito parceiros. Fazem de tudo pela gente...

E prá finalizar essa homenagem aos amigos, uma frasezinha do Millôr Fernandes:

"A verdadeira amizade é aquela que nos permite falar, ao amigo, de todos os seus defeitos e de todas as nossas qualidades."

Feliz Dia do Amigo!!

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...Alguém me tire desse pesadelo




Animal I Have Become
Three Days Grace

Eu não consigo escapar desse inferno
Tantas vezes eu tentei
Mas eu continuo preso por dentro
Alguém poderia me tirar desse pesadelo?
Eu não consigo me controlar

E daí se você pode ver o lado negro em mim?
Ninguém mudaria esse animal que me tornei
Ajude-me a acreditar que isso não é realmente eu
Alguém me ajude a domar esse animal,
(esse animal, esse animal)

Eu não consigo escapar de mim mesmo
(Eu não consigo escapar de mim mesmo)
Tantas vezes eu menti
(Tantas vezes eu menti)
Mas ainda há raiva por dentro
Alguém me tire desse pesadelo
Não consigo me controlar

E daí se você pode ver o lado negro em mim?
Ninguém mudaria esse animal que me tornei
Ajude-me a acreditar que isso não é realmente eu
Alguém me ajude a domar esse animal que eu me tornei
Ajude-me a acreditar que isso não é realmente eu
Alguém me ajude a domar esse animal.

Alguém me ajude a sair desse pesadelo
Não me consigo controlar
Alguém me acorde desse pesadelo
Eu não consigo escapar desse inferno

Esse animal, esse animal, esse animal, esse animal, esse animal, esse animal, esse animal...

E daí se você pode ver o lado negro em mim?
Ninguém mudaria esse animal que me tornei
Ajude-me a acreditar que isso não é realmente eu
Alguém me ajude a domar esse animal que me tornei
Ajude-me a acreditar que isso não é realmente eu
Alguém me ajude a domar esse animal
(Esse animal que me tornei)

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julho 11, 2010

"Melhor queimar de uma vez...


do que arder aos poucos." Kurt Cobain

"Tenho um coração. Isso é um fato.
Um pequeno orgão pulsante, que parece pensar por si só.
Quando eu quero simplesmente esquecer algo, ele manda imagens do passado à minha mente.
Isso me agonia, me fere, queima minha cabeça, meus pensamentos.
Invade minha alma sedenta de paz.
E escorre por meus olhos.

As lágrimas são quentes, como o fogo em meu coração.
Ardem nas cicatrizes que o seu falso amor deixou em meu rosto.
Marcas antigas de sorrisos sinceros vindos de mim.
Que foram de encontro à suas promessas e palavras falsas.

Eu já desisti de sofrer.
Mas a dor hoje é minha única companhia inseparável.
O que será que acontece comigo?
Vivo com o peito em chamas clamando seu nome.
Mas minha alma é fria, como se estivesse a espera.
Esperando meu corpo se dissolver num mar de lava chamado solidão."


Uma ótima semana para todos.
Paz e Força Sempre!

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julho 06, 2010

...E novamente ela chorou!



...E novamente ela chorou. Por quê? Porque NOVAMENTE eu a decepcionei... Novamente eu fui um idiota... Será que eu tenho o dom de magoar as pessoas que me são próximas? Será que estou fadado a ficar sozinho, para não magoar ninguém?

Gostaria de obter as respostas à tais perguntas... Gostaria mesmo, mas não posso sabê-las. Pelo menos não agora. Talvez em um futuro próximo, eu hei de encontrar as respostas às minhas questões existenciais.

Não quero mais fazê-la chorar. Não quero mais que ela se sinta mal, que se sinta culpada por erros que eu cometo... NÃO QUERO PERDÊ-LA! Deus, e somente Ele, sabe o quanto a amo e a quero ao meu lado. Não a quero comigo hoje, nem amanhã. Quero-a comigo sempre! E não medirei esforços para resolver toda essa situação. Farei o que estiver ao meu alcance, e até o impossível, para mantê-la ao meu lado, para fazê-la feliz...

Mas por enquanto, tentarei viver um dia de cada vez, sem fazer algo que vá magoá-la... Sem fazê-la chorar novamente...

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junho 30, 2010

Eu sou metal, raio relâmpago e trovão....




Metal Contra as Nuvens
Legião Urbana

I

Não sou escravo de ninguém
Ninguém, senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E, por valor eu tenho
E temo o que agora se desfaz.

Viajamos sete léguas
Por entre abismos e florestas
Por Deus nunca me vi tão só
É a própria fé o que destrói
Estes são dias desleais.

Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, me sabe o sopro do dragão.

Reconheço meu pesar
Quando tudo é traição,
O que venho encontrar
É a virtude em outras mãos.

Minha terra é a terra que é minha
E sempre será
Minha terra tem a lua, tem estrelas
E sempre terá.

II

Quase acreditei na sua promessa
E o que vejo é fome e destruição
Perdi a minha sela e a minha espada
Perdi o meu castelo e minha princesa.

Quase acreditei, quase acreditei

E, por honra, se existir verdade
Existem os tolos e existe o ladrão
E há quem se alimente do que é roubo
Mas vou guardar o meu tesouro
Caso você esteja mentindo.

Olha o sopro do dragão...

III

É a verdade o que assombra
O descaso que condena,
A estupidez, o que destrói

Eu vejo tudo que se foi
E o que não existe mais
Tenho os sentidos já dormentes,
O corpo quer, a alma entende.

Esta é a terra-de-ninguém
Sei que devo resistir
Eu quero a espada em minhas mãos.

Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, me sabe o sopro do dragão.

Não me entrego sem lutar
Tenho, ainda, coração
Não aprendi a me render
Que caia o inimigo então.

IV

- Tudo passa, tudo passará...

E nossa história não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz.
Teremos coisas bonitas pra contar.

E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trás
Apenas começamos.
O mundo começa agora
Apenas começamos.



PS: Post pra srta Fernanda Amaral, colaboradora deste humilde blog, que fará anos esta semana... (Música escolhida sem muita dificuldade, néah" Fer....)

PARABÉNS FEER \\o//

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junho 23, 2010

Romeu e Julieta




Cruzei meus olhos com os dela, estava sozinha em uma mesa, parecia triste, seus olhos imploravam companhia. Olhei ao redor e não havia mais mesas vazias, famílias completas e amigos de longa data infestavam o lugar de alegria. Ela lá sentada e sozinha era o preto e branco de uma foto colorida. Me aproximei e pedi cadeira, além claro de um pedaço da mesa, prometi não lhe incomodar, expliquei que tenho mania de comer rapidamente e sem tirar os olhos da comida era preciso apenas que ela ignorasse a minha presença. Ela aceitou, pareceu disposta e ver através de mim, me deu um sorriso, infelizmente o sorriso não apagou sua cara de tristeza... Sentei-me e comecei a comer, ela comentou o fato do lugar estar completamente cheio, eu concordei e lamentei o fato de ter de incomoda-la para almoçar, tinha uma bela voz, aquela moça sem nome, disse ela que eu não estava incomodando, que odiava almoçar sozinha, mas para afastar-se de casa fazia isso as vezes. A conversa continuou, não sabíamos o nome um do outro mas conversamos, como velhos amigos, ela foi se soltando, o sorriso apareceu em sua boca e agora eu era capaz de perceber a beleza daqueles olhos azuis. Perguntou-me o que costumava fazer, menti sobre minha carreira e sobre gostos pessoais, a beleza dela me cativava e a realidade sobre minha pessoa faria ela desistir. As garfadas foram passando e nós conversando, o ar ignorava o som que devia chegar até nós, o restaurante era lotado, mas havia ali apenas eu e ela. O assunto as vezes parava, mas nossos olhos não se desviavam, "pintava o clima" como costuma-se dizer hoje em dia, continuou assim o almoço até termina-lo, comprei refrigerantes para beber e poder continuar o papo, era um bom papo. Ela sabia conversar, era interessante, e parecia sincera, o que pensaria se descobrisse a fantasia em minha atitude? O que ela acharia do verdadeiro eu? Estas são perguntas sem tempo para serem respondidas, e continuando a falar de tempo, o tempo passou e eu já devia ir embora. Disse a ela que tinha um compromisso, ela sorriu gentilmente, disse que era uma pena, que estava sozinha e que não teria nada para fazer em casa. Fui obrigado a dizer-lhe a verdade, eu não tinha compromisso, apenas estava me achando inoportuno na mesa junto dela, convidei-a para irmos a outro lugar, quem sabe passear entre as árvores de um parque, disse a ela que apesar de tudo eu era de confiança. Ela disse de volta que saberia se defender caso eu não fosse... E assim saímos de lá, caminhamos até um parque próximo, olhar árvores é melhor do que caminhar olhando para prédios e carros. O clima melhorou e eu já queria aqueles lábios em minha boca, mulher encantadora... A caminhada foi longa e a conversa não decaiu em qualidade um segundo sequer, nos queríamos e ambos sabíamos disso. Finalmente nos rendemos ao encanto da situação, nos beijamos apaixonados pela atenção dada ao outro, e o beijo foi tenro, os lábios dela tinham, que José de Alencar me perdoe o plágio, eles tinham gosto de mel e duraram quanto nosso fôlego permitia durar, a mulher dos olhos tristes era agora uma menina de sorriso fácil... A paixão alegra o coração dos tolos... Mas Cronos é cruel e decidiu que aquilo não deveria tardar. Sorrimos um ao outro dizendo que tudo tinha sido ótimo, ela me passou seu número de telefone, enquanto eu dei o meu a ela, demos um beijo de despedida como um velho casal de namorados. Gostaria de saber qual o motivo do tempo passar tão rápido nessas ocasiões em que queríamos que ele se estendesse ao máximo...

Viraram-se as costas, cada um em uma direção, jogaram os papéis com os números ao lixo... atualmente é assim a alegria, as belas histórias de amor, não passam de um dia.



Humildemente citado do blog do AlxSeth

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junho 20, 2010

NIVEERR!!!!!!!!!!


Salve salve galerê!!

É, amanhã é niver do blog... UM ANO!!! e um viva pro BS...

bom, como não vou ter tempo amanhã pra fazer o post, tô antecipando pra hj...

E queria aproveitar, como 'pai' dessa budega, pra agradecer a Feefeh, que me deu um puta apoio e escreve aqui comigo, o AlxSeth que me deu muitas dicas no começo, a Julie que me incentivou a criar o BS, e mais uma galera que faz uma 'avaliação' dos posts e deixa os comentários...

VALEU POR TUDO!!

Como vício pego da Feefeh:
Paz e Força Sempre!

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junho 19, 2010

Você ainda vai...


Você ainda vai amar e odiar a mesma pessoa, vai querer morrer e vai querer viver mais, vai se perguntar o porque de gostar, o porque de amar! Vai rir das coisas que passou, vai rir de como você era, de como você é, e de como você pensa ser.

Vai querer mudar de nome, vai querer ser outra pessoa, vai perceber que você mudou muito, ou que você sempre foi a mesma pessoa! Vai querer rir com vontade de chorar, chorar com vontade de rir, vai acreditar e desacreditar, vai se perder em sua própria vida, vai arriscar mesmo sabendo das conseqüências.

Vai deixar de tentar por medo, duvidas, vai se arrepender, vai querer voar. Vai querer sumir, se mudar para outro país. Vai querer recomeçar, mesmo nunca tendo começado, vai fazer planos com outra pessoa, mesmo ela nunca ter feito parte disso.

Vai depender de alguém, vai pedir ajuda. Vai perder o orgulho. Vai perceber que mesmo sendo sempre a mesma pessoa,
você nunca é você mesmo.

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